domingo, 13 de fevereiro de 2011

Práticas de avaliação online



Em função das particularidades da modalidade de avaliação online, especialmente na significação da distância física entre professores e alunos, a apreciação avaliativa necessita ser “melhor” ideada quando comparada com os cursos presenciais. Ideal mesmo seria que esta o fosse em forma de processo evolutivo, partindo de apreciações em que o próprio aluno verifica o seu desempenho até aos momentos de avaliação em que o docente lhe concede as classificações quantitativas.
Nesta modalidade educativa, o envolvimento do aluno na avaliação não significa, absolutamente, que o mesmo “participe” com o professor na atribuição das suas classificações, mas e sim, que antes das classificações lhe serem atribuídas, oportunamente verifique se realmente aprendeu e se há progressão na aprendizagem, e também, onde deve enfatizar e alicerçar mais os seus estudos e quiçá, corrigir o rumo dos seus esforços e empenho. Este nortear de atitudes servirá, ideal e objectivamente, para diagnosticar o grau de eficácia da sua aprendizagem e de orientação para eventuais correcções.
Para além das avaliações quantitativas, adequadas à atribuição de níveis classificativos, esta modalidade de ensino deve compreender também avaliações de cariz qualitativo, geralmente de carácter informal.
Tal como no regime de ensino presencial, autores há que aconselham que o processo avaliativo envolva momentos de avaliação diagnóstica, formativa e sumativa. Outros há que às anteriores acrescentam ainda a avaliação emancipadora, na qual o professor recorre a instrumentos de auto-avaliação e co-avaliação para desenvolver a auto-crítica e melhorar o estádio de auto-desenvolvimento do aluno. O resultado desta avaliação expressa-se por meio de pequenos relatórios qualitativos.
As práticas da avaliação online devem assumir-se seriamente, como uma conjuntura dual privilegiada, ou seja, quer para os alunos quer para o professor. Assim, a qualidade da educação, a satisfação e o sentido de realização do aluno, bem como a viabilidade do curso, dependem em grande medida da sabedoria norteadora inserida no processo de avaliação.
Os assuntos concernentes à qualidade estão aliados à infra-estrutura, execução e prestação de serviços aos alunos, demonstrando o panorama dos sistemas que precisam de estar adequados para possibilitar uma avaliação eficaz que deve ser gerida a nível institucional.
Segundo Berge, Collins e Dougherty (2000), na aprendizagem online, a sabedoria pode ser fornecida através de formas alternativas de avaliação da compreensão do aluno.
As tecnologias online e a aprendizagem baseada na Web têm levado a uma reconceptualização de três vertentes inter-relacionadas: a aprendizagem, a pedagogia e a avaliação.
Collis e Moonen (2001) propõem um modelo de contribuições orientadas no aluno, enfatizam a participação em comunidades de aprendizagem, o aluno é activo e participativo. Com uma abordagem participativa, este, está habilitado, a aceder aos recursos de aprendizagem, às ferramentas de comunicação, aos bancos de dados e às redes assíncronas.
Esta mesma abordagem pode ser aplicada à avaliação, por isso, torna-se menos centrada no professor e mais flexível, outorgando maior autonomia e responsabilidade ao aluno, permitindo-lhe lidar com diversas ferramentas e facultando uma panóplia de actividades, tarefas, participação em fóruns, partilha de ideias, etc. Permite ainda, o suporte de processos de aprendizagem como a comunicação, trabalho de grupo e trabalho colaborativo na resolução de problemas.
Ainda não é possível dar todas as respostas às questões relacionadas com os procedimentos de avaliação em contexto online, mas as formas de aprendizagem convencionais precisam de ser redefinidas, sobretudo numa época em que o desenvolvimento de novas tecnologias e técnicas online atinge uma velocidade que pode não estar a acompanhar a qualidade da aprendizagem e do ensino.
Logo, a revisão dos elementos da avaliação e a reflexão sobre as suas consequências ajudam a criar uma consciência para o aperfeiçoamento de práticas, princípios e medidas de qualidade para uma avaliação online adequada.
Em forma de súmula, tudo indica que a sistemática de avaliação em EaD continuará em debate na demanda da melhoria e aperfeiçoamento do ensino-aprendizagem.

Referências:

McLoughlin, C.; Luca, J. (2001): "Quality in onlinedelivery: What does it Mean for assessment in E-learningEnvironments?" ASCILITE 2001 Conference proceedings. Disponível em http://ascilite.org.au/conferences/melbourne01/pdf/papers/mcloughlinc2.pdf (acedido em 2011-02-02)
GOMES, Maria João (2010). Problemáticas da avaliação em educação online. In SILVA, M., PESCE, L., ZUIN, A. (orgs). Educação online: cenário, formação e questões didático-metodológicas. Rio de Janeiro: WAK.

GOMES, Maria João (2009). Contextos e práticas de avaliação em educação on-line. In Guilhermina Lobato Miranda (org.), Ensino Online e Aprendizagem Multimédia. Lisboa: Relógio d’Água Editores.

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